Polícia Federal identificou troca de mensagens em que PRFs negociam o valor do ‘frete’ de cocaína com traficante
os policiais rodoviários federais (PRFs) Diego Dias Duarte (vulgo Robocop) e Raphael Angelo Alves da Nóbrega cobravam até R$ 2 mil por quilo de cocaína para fazer o transporte da droga pro Comando Vermelho (CV). A informação consta em diálogos que foram interceptados pela PF e cujo teor foi obtido pela coluna.
Há casos em que os agentes levaram mais de meia tonelada de entorpecentes, o que poderia render até R$ 1 milhão.


Além do transporte de centenas de quilos de cocaína, os agentes de segurança pública tinham outras funções na organização criminosa: contrainteligência e direcionar flagrantes contra quadrilhas rivais. Eles usavam informações “sensíveis” e “sigilosas” para beneficiar o grupo criminoso, como saber quando e onde ocorreriam “blitzes” e operações, bem como apontar rotas alternativas.
Em contrapartida, Heliomar fornecia informações aos agentes da PRF sobre a atividade do tráfico de drogas na região, de modo que eles fizessem flagrantes contra traficantes que concorriam com o grupo criminoso.
Com isso, os agentes de segurança pública passavam a imagem para as instituições de serem profissionais exitosos. Mas, o que PF descobriu é, na verdade, um antro de corrupção e lavagem de dinheiro.
Parte das drogas apreendidas pelos policiais também era repassada para Heliomar, que chegava a ficar, em alguns casos, com 30% da mercadoria. Esse modus operandi, segundo a PF, fez a organização criminosa “crescer muito rápido”.
As investigações apontam que Heliomar lavava o dinheiro do tráfico mantendo um mercado, uma locadora de carros e uma transportadora em Porto Velho.
Transporte de drogas vai “abrir portas” para PRFs, disse líder do tráfico
As conversas dos PRFs com Heliomar tiveram início em dezembro de 2021, quando o traficante fez a primeira negociação com os agentes de segurança pública para transportar as drogas.
A quebra do sigiloso telefônico e telemático dos investigados apontou conversas entre os agentes da PRF negociando o valor do “serviço” e elaborando estratégias para não serem pegos transportando a droga nas rodovias do país.
Diego e Raphael Angelo até alugavam carros para transportar os entorpecentes. Ambos realizavam consultas em sistemas informatizados da PRF para que outros membros da quadrilha evitassem fiscalizações nas rodovias. Confira os diálogos:


Em uma das conversas por WhatsApp, ocorrida entre os dias 17 e 19 de dezembro de 2021, os dois PRFs consideram “baixo” o valor de R$ 35 mil para transportar 70 quilos de cocaína. Para eles, o mínimo teria que ser R$ 1,5 mil por quilo da droga, ou seja, R$ 105 mil.
Por ser véspera de Natal, eles falam sobre adiar a entrega para janeiro e afirmam que “toda semana aparece oportunidade”. No dia 18 de dezembro, Raphael diz para Diego que Heliomar “está apertando” para que eles façam o frete mesmo assim, porque isso “abriria portas” aos dois.
PRF foi preso por tranportar meia tonelada de cocaína
Raphael Angelo chegou a ser preso em flagrante em julho de 2023 transportando 542 kg de cocaína em Canarana (MT), a 823 quilômetros de Cuiabá. Na ocasião, ele capotou a caminhonete que pilotava com as drogas, tentou empreender fuga em um táxi, mas foi rendido.
- Por Metropoles
