Na resposta a ser encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer o fato de ter passado duas noites na embaixada da Hungria em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro diz que não havia “fundado e justificado” receio de prisão.
A resposta foi escrita por ordem de Moraes, que cobrou esclarecimentos do ex-presidente, após o jornal americano “The New York Times” revelar o episódio.
A defesa de Bolsonaro alega que, como em 8 de fevereiro a Polícia Federal já tinha feito prisões, cumprido ordens de busca e apreensão e ainda confiscou o passaporte do ex-presidente, já tinha ficado claro que não havia intenção de prendê-lo.
Por esse argumento, o ex-presidente e os advogados sustentam que entenderam que, se ele tivesse que ser preso, teria sido no próprio dia 8.
A operação Tempus Veritatis investiga a atuação de Bolsonaro e seus assessores mais próximos na articulação de uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula.
No dia 12 de fevereiro, quatro dias depois da operação, o ex-presidente esteve na Embaixada da Hungria no Brasil, acompanhado por dois seguranças e na companhia do embaixador húngaro e de membros da equipe diplomática, conforme mostraram imagens da câmera de segurança da embaixada obtidas pelo The New York Times.
Segundo o NYT, a estadia de Bolsonaro na embaixada húngara sugere que o ex-presidente brasileiro estava tentando aproveitar suas boas relações com o primeiro-ministro Viktor Orbán, da Hungria, numa possível tentativa de escapar da Justiça brasileira, enquanto o cerco se fecha contra ele em uma série de investigações criminais que tramitam no STF, sob a relatoria de Alexandre de Moraes.
Orbán foi um dos poucos chefes de Estado a comparecer à posse de Bolsonaro, em janeiro de 2019.